Muitas são as histórias que se contam sobre o Padre António.
A cena abaixo citada, deu-se comigo, tinha eu os meus onze ou doze anos, andava a estudar em Fafe e já era um homenzinho.
Tenho a dizer que o padre António, era muito respeitado mas também temido em todo o concelho de Fafe, mas tanto era capaz do melhor como do pior. Durante algum tempo foi uma das pessoas que eu mais detestei na minha vida para mais tarde ser uma das pessoas que mais admirei.
Explico-me: Faz anos, muitos anos atras por esta ocasião das festas de Cepães durante as confissões onde vários padres exteriores á freguesia confessavam. A igreja estava cheia de pessoas que esperavam a sua vez para a confissão. O padre António subia e descia sem cesso a ala central da igreja impondo o respeito e verificando que tudo corria pelo melhor. Na fila de cadeiras atras de mim, algumas pessoas estavam sussurrando. O padre António au passar ouviu esses sussurros, virou-se e pregou-me o estaladão da minha vida. O único estalo que eu levei até hoje por alguém que não era da minha família. As pessoas que estavam a meu lado, todas adultas e quase todos casados insurgiram-se e disseram” Senhor padre, não era ele que estava a falar”. Com as suas calmas, o reverendo vira-se para esses adultos e diz-lhes: “calem-se senão levam também”. Fiquei com um ódio ao padre António que não podem imaginar.
Um ou dois anos mais tarde quando de um cortejo em benefício dos bombeiros ou do hospital (não me lembro bem), em que houvera um cortejo partindo de cada freguesia par desfilar em Fafe com todas as prendas a reverter á instituição, o padre António ao saber que havia freguesias que deram mais que a freguesia de Cepães, puxou de sua carteira e entregou várias notas fazendo com que fosse Cepães a freguesia que ficasse em primeiro. Foi um grande momento de orgulho para a freguesia. A partir dessa data, embora ainda eu fosse jovem, fiquei com o padre António em admiração.
Que não seja a injustiça que cometeu para comigo como para tantos paroquianos que o tivesse impedido de ter ido para o paraíso, pois no que me diz respeito, aquilo que ele fez pela freguesia, não só mereceu todos os perdões, como mereceu a maior admiração de muitos Cepanenses.
Chico Correia
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